segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Compreendendo o Ciclo das Mudanças: Um Convite ao novo!


Há algum tempo venho me questionando sobre as mudanças pessoais e profissionais que atravessamos na vida e como se dá esse processo. De início, creio ser da compreensão de todos que mudar exige esforço e dedicação e, principalmente, gera desconforto.  Não satisfeito apenas com esse sentimento pessoal sobre as mudanças, comecei uma busca mais profunda para compreender os processos comportamentais por trás das mudanças, sejam eles pessoais, grupais ou organizacionais.
Desde o inicio de minha carreira profissional atuando com treinamento e desenvolvimento de equipes e líderes e atendendo meus pacientes em consultório de psicoterapia, sempre fui muito indagado pelos clientes, gestores, sócios e acionistas como ser assertivo nos processos de mudanças comportamentais e conseguir ter continuidade nesses processos. Afinal, investe-se muito em programas de treinamento e desenvolvimento, terapias, cursos e, por vezes, com poucos resultados efetivos.
Nessa busca impulsionada por dúvidas pessoais e profissionais sobre o ciclo das mudanças, já há algum tempo desenvolvemos uma linha de pesquisa sobre o tema. O assunto "mudança" é de ampla possibilidade de compreensão e multidisciplinar, porém me ocuparei aqui mais dos aspectos comportamentais da mudança, tema de nossa pesquisa. No  entanto, é importante enfatizar que todo processo de mudança, seja de ordem pessoal, profissional ou organizacional, envolverá aspectos de conhecimentos e competências técnicas e comportamentais, sem negligenciar um as expensas do outro.
Uma das pesquisas mais fascinantes já encontradas na literatura científica sobre Mudança  e seus aspectos comportamentais é da médica psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, que em sua obra clássica Sobre a Morte e o Morrer apresenta os resultados de suas pesquisas com pacientes terminais. Esse modelo, conhecido como Modelo de Kübler-Ross, muito estudado pelos alunos de medicina e enfermagem como Processo do Luto e do Morrer, trata das experiências da médica com seus pacientes terminais e suas famílias no processo de aceitação da morte do familiar e da mudança na família que essa perda trará. Ampliando o olhar sobre esse estudo logo começamos a encontrar algumas pistas interessantes que podem nos ajudar a compreender o processo da mudança.
Em primeiro lugar precisamos nos permitir aceitar que todo processo de mudança comportamental é um processo de morrer. Precisamos morrer para velhos hábitos para nos permitir renascer para novos. Precisamos dar espaço para o novo renascer dentro de nós. Todos desejam renascer, ninguém quer morrer! Mudança de comportamentos, hábitos, competências exigem esforço, dedicação, empenho, suor, lágrimas, luto, morte. Assim como mudanças nas organizações também exigirão comprometimento, continuidade, ética, integridade, apoio, estímulos, abandono de velhos padrões, morte de velhos comportamentos. Em um sentindo ainda mais amplo eu arriscaria dizer que vida e morte se complementam o tempo todo. A vida precisa da morte para poder continuar. O velho precisa dar espaço ao novo, Como o bater do coração: sístole e diástole. O eterno retorno de Nietzsche.

Talvez por isso muitos programas de mudança de comportamentos e cultura organizacional fracassam, pois toda mudança vai ter um tempo para ser incorporada no cotidiano das pessoas, e tempo é dinheiro! Pela rapidez exigida por um mercado cada dia mais competitivo e veloz, nem todas organizações conseguem esperar o tempo necessário para amadurecer os projetos e já partem para novos. Num eterno retorno ao mesmo, sem continuidade em suas crenças e valores e objetivos estratégicos que deveriam pautar todo programa de mudança comportamental, que ao novo ver, deve ser contínuo e estruturado e acompanhar toda a vida da organização, afinal vivemos a Era do Conhecimento.
O Ciclo das Mudanças é um convite ao novo. Um novo olhar sobre o ser humano, esse des-conhecido em busca de sentido. Um novo olhar sobre a gestão empresarial que deve começar a ampliar seu olhar para a organização pós-moderna que necessita se reinventar para sobreviver. E a reinvenção começa com um novo olhar sobre as pessoas, que são seres de hábitos, resistentes as mudanças e que muitas vezes inconscientemente sabotam os processos de mudanças para continuar em suas zonas de conforto. O empresário, líder, gestor atual precisa buscar respostas para suas dúvidas e angústias em outras áreas além das áreas já conhecidas como as áreas técnicas, financeiras e de processos. Precisa ler Psicologia, Sociologia, Antropologia, para compreender um pouco mais sobre esse desconhecido que é o ser humano. Os estudos da médica nos ajudam a compreender um pouco mais sobre isso.
O tema fascina e desperta interesse, pois como diria o velho sábio filósofo grego Heráclito Nada é permanente, exceto a mudança!


Moacir César de Borba Júnior
Psicólogo, Consultor Organizacional, Facilitador e Palestrante. Possui MBA em Recursos Humanos e Pós-graduando em Dinâmica de Grupos. Consultor parceiro da Fundação Fritz Muller de Blumenau. Sócio Diretor da Addção Desenvolvimento de Pessoas, consultoria focada em Coaching, Treinamento e Desenvolvimento Comportamental de Equipes e Líderes, Diagnósticos Organizacionais e Estruturação e Mentoring nos Subsistemas de RH.

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