segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Modelo Y é opção para ter sucesso na carreira


Formato é a escolha certa para quem quer crescer, mas não gerenciar pessoas


BLUMENAU - A ideia de que o sucesso profissional na carreira está necessariamente ligado às posições de chefia predominou durante muito tempo no mercado de trabalho, mas começa a perder força com a chegada da carreira em Y. O conceito nada tem a ver com a tão falada Geração Y, mas com o próprio formato da letra, que indica uma bifurcação e simboliza dois caminhos distintos.

Diferente da carreira linear na qual o profissional cresce assumindo posições como coordenador, gestor, diretor e pode chegar à presidência da empresa, a carreira em Y proporciona escolher entre uma carreira executiva e uma carreira técnica, que implica alto nível de especialidade.

– Neste caso, estamos falando de profissionais desenvolvedores de projetos, com perfil para pesquisa, planejamento e execução – diz Carlos Contar, diretor da Business Partners Consulting.

Trata-se de uma escolha do próprio profissional que deve estar conectado ao perfil e aspirações profissionais. Nem todos têm perfil, habilidades ou o desejo de assumir cargos de chefia e gerenciar pessoas. Esse fator, inclusive, é o principal ponto de distinção entre uma carreira gerencial executiva e uma carreira gerencial técnica. Não ter o desejo de liderar uma equipe não significa que o profissional não quer crescer na carreira e ser reconhecido. Ele trabalha duro para isso, mas não está tão exposto aos olhos da companhia quanto um líder.

– Para a empresa, os perfis mais técnicos são essenciais para o desenvolvimento do negócio, pois são focados em inovação, processos, pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços, além do desenvolvimento de novas estratégias para as organizações. São motivados pela alta complexidade e solução de problemas – ressalta Contar.

Se antes a recusa de alguns profissionais em seguir uma carreira executiva era mal vista pelas empresas, hoje elas estão apostando no sistema de carreiras em Y como um instrumento de retenção de talentos. Dessa forma, as companhias conseguem valorizar a preferência dos profissionais cuja motivação não está em cargos de chefia, mas na busca de soluções para o negócio.

Segundo o diretor da Business, esses profissionais conseguem entregar mais quando têm autonomia para propor mudanças e desenvolver projetos. Por outro lado, também precisam de valorização, que pode ser traduzida como retorno financeiro compatível com a importância do cargo, incentivos e reconhecimento.

Empresa que aplicou conceito teve mais autonomia e engajamento


Há cerca de dois anos a empresa Vagas Tecnologia, especializada em soluções em recrutamento, apostou na carreira em Y como forma de desenvolver ao máximo o potencial dos seus 150 funcionários. O primeiro passo foi diluir os níveis hierárquicos e cargos de chefia.

– Quando se fala em desenvolvimento de carreira há duas opções: seguir para o lado mais gerencial – que envolve necessariamente a gestão de pessoas – ou optar pelo lado técnico, que tem foco na especialização em uma determinada área. O que fizemos foi abolir os gestores, mas não a gestão, que continua sendo feita naturalmente e de forma coletiva – explica Alessandra Tomelin, representante do RH da Vagas Tecnologia.

Nesse período o resultado foi mais autonomia e engajamento nas equipes e na empresa de forma geral. Tanto que 95 dos 150 funcionários participam voluntariamente do planejamento estratégico da empresa.

– Queremos profissionais cada vez mais especialistas. Aqui, cada um pode se aprofundar na área de preferência, tornando-se referência o mercado e para os colegas – diz Alessandra.


Fonte: Jornal de Santa Catarina, 13 de Dezembro de 2013

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